LÓGICA ANTIGA (LA) e LÓGICA MODERNA (LA):
DIFERENÇA EM SEUS QUADRADOS DAS PROPOSIÇÕES
Este texto será debatido nesta
próxima segunda-feira, das 10h às 12h, dia 07 de janeiro de 2013. Afora, os
participantes de sempre, há espaço para 15 novos participantes que se sintam convocados
e se expressarem por demanda ou iniciativa. O lugar será anunciado a cada um
logo após a inscrição ter-me chegado via e-mail. Att jlcaon
Qual
o universo do discurso da pesquisa psicanalítica
para
o atual homem de ciência?
Bibliografia:
COPI, p. 156-159: “O Conteúdo
existencial”.
COHEN-NAGEL, p. 57-59: “Contenido existencial
de las proposiciones categóricas”.
Copi cita
Shakespeare e Homero dizendo-nos: “Alguns espectros aparecem nas obras de
Shakespeare” e “Alguns deuses gregos são descritos na Ilíada.” Ora, todos sabemos que não existem espectros nem deuses,
portanto são enunciados falsos, isto é, sem fundamento material e sensível.
Todavia, tomados no universo literário de Shakespeare e Homero, são deveras
enunciados verdadeiros, “fáticos”, isto é, “literariamente fáticos”. Isto é, são verdadeiros enquanto estão
presentes nos escritos de Shakespeare e de Homero.
A comparação
das proposições A e E contra as proposições I e O obriga a admitir que as
proposições universais A e E não implicam existência, isto é, conteúdo
existencial, enquanto que as particulares I e O exigem conteúdo existencial!!!
Para que a
proposição “Todos os corruptos são malvados” não implica a existência de
corruptos. Aliás, é por não implicar conteúdo existencial que A e E são
contrárias.
A partir de
Boole, há que reformular o quadrado das oposições da Lógica Antiga (LA).
Segundo Boole, as proposições I e O tem conteúdo existencial. Por exemplo, se a
classe do Sujeito, S, for nula, então as proposições I: “Algum S é P” e O: “Algum
S não é P” são necessariamente falsas, pois que nessa classe S, não há
conteúdo. Todavia, na relação de
contraditoriedade, mesmo sendo falsas, tanto I contra E ou O contra A, suportam
a relação de contraditoriedade. Mas, por que Boole sustenta isso? Estaria
pagando tributo à LA? Não, de jeito nenhum. Boole constitui sua LM (Lógica
Moderna) considerando que as proposições universais A e E, não têm conteúdo existencial.
Então, a contraditoriedade entre O e A e a contraditoriedade entre I e E
continua vigorando, mas o fundamento da LM não é o fundamento da LA!
Cohen-Nagel
também dizem de modo bem incisivo que as universais A e E não afirmam a
existência de algum indivíduo, apenas negam existência de certos tipos de
indivíduos. As particulares I e O não negam a existência de nada, elas afirmam
que certas classes têm membros, pelo menos um. Por exemplo: “Todos os
varredores de rua são pobres”, que é uma A, significa que se um indivíduo é
varredor de rua, ele tem que ser pobre. Não se infere que haja de fato um
varredor de rua em Marte, mas que se lá houver um varredor de rua, ele tem que
ser pobre.
Booleanamente,
assim se lê a A: “Todos os varredores de rua são pobres” => “PARA TODOS OS
CASOS OU VALORES DE x, se x é um varredor de rua, então x é pobre.”
E,
booleanamente, assim se lê a I: “Alguns varredores de rua são obres: =>
“EXISTE UM x; tal x é varredor de rua e x é pobre.”
Que as
proposições universais A e E não implicam existência, fica claramente
evidenciado com a enunciação da primeira lei do movimento, por Newton: “Todos
os corpos não submetidos a forças externas persistem eternamente ou em seu
estado de repouso ou de movimento retilíneo uniforme”. Alguém pode encontrar esse corpo? Também sabemos que “Todos os corpos se atraem
mutuamente” (Lei da gravitação universal).
Assim, pelos
princípios das ciências as proposições universais agem sempre como hipóteses,
não como enunciados fáticos afirmando a existência de indivíduos que
exemplificam os enunciados universais! As ciências não exigem fatos concretos,
mas apenas fatos possíveis, fatos plausíveis, passiveis de probabilidade.
Por fim, que
existência é a existência implicada nas proposições particulares I e O? A
existência em questão é a que pode se dar no UNIVERSO DO DISCURSO em questão. A
existência de deuses no UNIVERSO DO DISCURSO de Homero ou a existência de
espectros no UNIVERSO DO DISCURSO de Shakespeare é verdadeira. Fora desses
contextos, nem sequer se pode chamar de existência, ou não será mais a mesma
que aparece em Homero ou Shakespeare. O que existe num UNIVERSO DE DISCURSO
pode não existir em outro.
Cohen-Nagel
antes de encerrar o Capítulo 02, p. 66-68, explicitando a diferença entre a LA
e LM no que tange as proposições, servindo-se da representação diagramática, p.
54-57, encenariza, por meio dos círculos de Euler-Venn, o novo quadro das
proposições da LM. E na página 68, reoferecem o quadrado das proposições da LM.
Por sua vez,
Copi, p. 160-165, servindo-se dos diagramas de Venn, já fizera o mesmo e com
mais didática e propriedade.
A comparação
dos dois textos permite que se aplique essa LM a fatos psicanalíticos,
proposições psicanalíticas, ensejando uma contribuição ao campo da ciência moderna
fundada na LM. Por exemplo, ... (a ser continuado, por quem se sentir
convocado).
FICHA DE ESTUDO PARA
AS ATIVIDADES DE 07 de janeiro de 2013.
.01.
Brain-storming: “Que diferenças há entre “CLASSE” e “PROPOSIÇÃO”? (Alguém
escreve a lista de respostas.)
.02.
Um círculo numa folha de papel representa (é o diagrama de) uma CLASSE.
Desenhar esse círculo.
.03.
Representar os termos de SUJEITO e de PREDICADO de uma PROPOSIÇÃO CATEGÓRICA
TÍPICA respectivamente por S e P. Desenhar dois círculos encimados pelas letras
S e P.
.04.
A classe do S e a classe do P se relacionam por meio de uma PROPOSIÇÃO. Essa
relação pode ser representada a) por palavras formando uma frase tecnicamente
definida; b) por letras marcadas positivamente (isto é, S ou P, sem sinal
algum) ou negativamente (isto é, S ou P com traço sobreescrito). Exemplificar
a) e b).
.05.
Escrevem todas as POSSIBILIDADES de associação de S e P.
.06.
a) Um círculo em branco não quer dizer nada. b) Dois círculos em branco, um ao
lado do outro nada significam. c) Um círculo em branco sobreposto parcialmente
a outro também em branco não quer dizer nada. Desenhar a), b) e c).
.07.
Um círculo em branco ao ser totalmente preteado quer dizer CLASSE VAZIA.
Mostrar que S e P em .06. b) estão vazios, 1) só com figuras; 2) só com letras;
3) com figuras e letras ao mesmo tempo.
.08.
Um simples ponto (.), isto é, um x, num círculo em branco quer dizer que há
pelo menos (pode haver muitos, mas nunca exaustivamente) elementos neste
círculo, ou classe, seja S ou P. Desenhar dois círculos mostrando isso.
.09.
O preteamento total ou parcial num círculo a) sozinho, ou b) sobreposto a
outro, mostra a ausência que pode também ser ESCRITO por meio de letras com
traço sobrescrito. Desenhar círculos mostrando isso.
.10.
A letra x mostra a presença de pelo menos um elemento (podem ser muitos, mas
nunca exaustivamente). Mostrar como se representam com cois círculos e com
letras a proposição: Algum P é S. (Alguns psicanalistas (S) são estudiosos (P).
Agora,
dá para começar a 1) enunciar com palavras as quatro proposições categóricas
típicas; 2) representá-las por meio de círculos de Venn; 3) representá-las por
meio de letras; 4) representa-las por meio de círculos de Venn e por meio de
letras ao mesmo temp.
A
PROPOSIÇÃO que é a UNIDADE, MONDADA do discurso compõe-se de S e P relacionados
pela CÓPULA. O SILOGISMO que é a UNIDADE, MÓNADA da ARGUMENTAÇÃO LÓGICA
compõe-se três PROPOSIÇÕES (duas premissas e uma conclusão) relacionadas pelo
TERMO MÉDIO (M), pelo TERMO MAIOR, T, e pelo TERMO MENOR (t). Cuidada que os termos da PROPOSIÇÃO são S e P
e os termos do SILOGISMO são M, T e t.
Embora
se insista que uma PROPOSIÇÃO CATEGÓRICA TÍPICA se determina pela sua
QUANTIDADE e pela sua QUALIDADE, o estudo da relação das quatro PROPOSIÇÕES
CATEGÓRICAS TÍPICAS não avança muito se não se tiver presente o que significa a
DISTRIBUIÇÃO do S ou do P em A, E, I e O, respectivamente.
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