Fideístas versus cientistas
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- “Estafermo é exato como uma
máquina, melhor, Estafermo é uma máquina”, disse Menipedro, respondendo à pergunta
de Pascácia: “Que é que vocês acham do Estafermo?”
- “Estafermo trabalha para não
pensar”, acrescentou Gioconda.
- “Como é que podem tratar assim
uma alma de Deus?” continuou escandalizada Pascácia. “Estafermo é gente. Sei
bem que ele é gente. Ele reza maquinalmente, sem entender o querem dizer as palavras
das rezas dele. É como quando eu rezo em latim.”
- “Eu tenho a fé dum carvoeiro. Tenho
muitas crenças, mas abro mão delas para ficar com a fé dum carvoeiro.”
Gioconda, vendo que eu ficara
boquiaberto mais uma vez, pôs-se adivinhar em que eu estava pensando. E começou
a dizer:
- “Louis Pasteur, enquanto
cientista, acreditava
com base em evidências empíricas. Mas, enquanto fideísta, acreditava, sem base
em evidências.
- “E isso mesmo”, atalhou MeniPedro. “Um cientista muda de crença
ou de fé, na medida em que os dados ou evidências provam o contrário daquilo em
que acreditava ou tinha fé. Um fideísta jamais muda de posição! Danem-se os
dados ou evidências empíricas!”
- “Estafermo é fideísta de verdade”, concluiu Pascácia. “É mais
fideísta que eu que agora rego as plantas da horta como Gioconda. Estou tendo
mais fé na água que dou às plantas do que nas rezas que faço para pedir chuva.
Aonde é que vou parar com isso?”
- “Freud é cientista e mudou sua teoria das pulsões em 1920” –
fiquei pensando eu.
Grandioso "pequeno" texto Caon metaforisando nossa possibilidade em mudar de posição como saudável. Freud naquele detalhe de um "além" foi levado a articular toda teoria novamente... com ele aprendi que mudar quando já não é, é a única certeza. Gostei muito!! Mára Bellini
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