Casamento livre x voto obrigatório: a quem interessa?
Por jlcaon@terra.com.br
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Suponhamos
uma lei que obrigasse a todo brasileiro com dezoito anos ser obrigado, de dois
em dois anos, a apresentar-se ao juiz de família, pouco importa para casar ou continuar
como está. E essa obrigação de se apresentar perante o juiz de família vale
para aquele que já se apresentou como para aquele que nunca se apresentou. Isto
é, não importa casar ou não casar, estar ou não estar casado, tem que se
apresentar ao juiz de família de dois em dois anos.
Os cidadãos
são tradados como menores nesse regime?
Devagar! Que
no Brasil, eu, depois dos setenta anos, estou livre dessa obrigação. Quer dizer
que quanto a essa obrigação de me apresentar ao juiz eleitoral de dois em dois
anos, eu me tornei maior não aos vinte e um anos de idade como era até pouco
tempo nem aos dezoito anos como é atualmente, eu só me tornei maior aos setenta
anos.
Penso que
escolher cônjuge e casar é civilmente muito mais sério do que votar. Ora,
escolher cônjuge não é obrigatório. Nem se é obrigado a prestar contas se se quer
escolher cônjuge ou se já se escolheu cônjuge.
Esse país
resolveu esse problema de votar num parceiro/a e casar. O brasileiro é maior a
partir dos dezoito anos.
Não resolveu o
problema do voto livre. Como pode ser livre o voto se é obrigatório? Não é isso um vício redibitório da razão
jurídica desse país?
Casamento
livre x voto obrigatório: a quem interessa? (II)
Por jlcaon@terra.com.br
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As
experiências aos trancos e barrancos da democracia brasileira perpassam três
séculos. Um denominador comum dela é a obrigatoriedade jurídica do voto com
intermitências de suspensão das garantias individuais, incluída a obrigatoriedade
do voto. Mas, isso se parece à suspensão da obrigatoriedade de escovar os
dentes para todos os que ficaram reduzidos a banguelas.
Há
“lógica” de comunicadores, apresentadores, palestradores, articulistas nos canais
de comunicação afirmando explicitamente que o brasileiro ainda não está maduro
para exercer a liberdade do voto livre. Ora, o brasileiro aprende cedo muitas
coisas: ler e escrever, dirigir automóvel, usar cartão eletrônico, celular,
internete, casar, divorciar-se, mas, não aprende a votar!
Até brasileiro
analfabeto tem a honra de poder votar obrigatoriamente! Assim, o voto
obrigatório iguala a todos os brasileiros. Voto imposto que democratiza!
Ora, quando se
é obrigado a aprender, não se aprende, ou se se aprende, aprende-se apenas para
sair da obrigação de aprender. As aprendizagens conquistas obrigatoriamente
duram até o momento em que o aprendente se libertou da imposição. Caso mantenha
a aprendizagem, ele a ressitua, agora, no espaço de liberdade em que é livre
para reaprender aquilo que aprendeu acabrestado.
Penso
que canalhas continuam a ser eleitos enquanto o voto for obrigatório. Sempre
foi mais fácil persuadir rebanhos acabrestados do que conduzir homens livres.
Na
liberdade, o cidadão escolhe votar. O saudosos acabrestado poderá aprender a
votar, mas somente enquanto cidadão livre. Em liberdade, o cidadão brasileiro
aprenderá a votar.
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