quarta-feira, 6 de julho de 2011

Frost em brasileiro

Robert Frost (1874–1963). Mountain Interval, 1920.

The Road Not Taken


TWO roads diverged in a yellow wood,
And sorry I could not travel both
And be one traveler, long I stood
And looked down one as far as I could
To where it bent in the undergrowth; 5

Then took the other, as just as fair,
And having perhaps the better claim,
Because it was grassy and wanted wear;
Though as for that the passing there
Had worn them really about the same, 10

And both that morning equally lay
In leaves no step had trodden black.
Oh, I kept the first for another day!
Yet knowing how way leads on to way,
I doubted if I should ever come back. 15

I shall be telling this with a sigh
Somewhere ages and ages hence:
Two roads diverged in a wood, and I—
I took the one less traveled by,
And that has made all the difference. 20




Robert Frost em brasileiro
Por jlcaon jlcaon@terra.com.br
06 de julho de 2011.

Na frente, a montanha outonal,
E em seu sopé dois caminhos se separam.
Lamento não poder seguir pelos dois,
Pois que sou apenas um.

Mas, fico olhando
Até onde um deles
Desaparece no verde escuro.

Pego o outro caminho todo gramado,
Bonito e convidativo.
Mas, quanto a isso, o chão de um dos caminhos,
Embora pisado por muitos caminhantes,
Não parece ser melhor que o chão do outro,
Pois que os dois oferecem o mesmo gramado,
Apesar das pegadas deixadas pelos caminhantes.

Assim, deixo o outro caminho para outra oportunidade.
Todavia, como um caminho sempre leva a outro,
Me decido a nunca mais vou voltar...

E agora confesso e confidencio a ti e aos futuros leitores:
Sempre dois caminhos se separam em minha frente.
E eu sempre me pego pegando o menos freqüentado.
E isso me fez e me faz diferente.




NA INTIMIDADE DO BRETE

José Luiz Caon
jlcaon@terra.com.br


"Two roads diverged in a wood, and I -
I took the one less traveled by,
And that has made all de difference." (Robert Frost, The Road Not Taken).
("Dois caminhos separam-se na floresta, e eu -
Eu peguei aquele que é menos percorrido,
E é isso que faz toda a diferença." (Robert Frost, O caminho não escolhido).)

1996: Para Marta, Gaspar e Glauco.
2005: e para Luis e seus primos do século passado.


Sempre a pior estrada sobrou para mim.
Sempre a mais triste noite me tomou nos braços.
Mas não paro de andar. Faço de meus percalços
Bússola e farol, estrela e trampolim.

Construo minha paz com os restos da guerra.
Sempre o perdão venceu e serenou-me a alma.
Hoje, sou Édipo que, em Colono, acho calma
E bela a sorte de ser devolvido à Terra.

Sempre em retardo, tenho de ser diligente,
Porque, no trem do meu destino, sou sozinho.
Assim, persigo com sustos o meu caminho,

Diferente das gentes do outro caminho
Que, sós no fim do brete, tardissimamente,
vêem que, quanto mais se embretam, menos se sentem...

Brasília, 31 de janeiro de 1996

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