domingo, 19 de junho de 2011

Exterioridade centrífuga








Exterioridade centrífuga





A gente vê na figura acima dois toros entrelaçados. Eu chamo à exterioridade que se afasta de cada um deles de exterioridade centrífuga. Mas, há dentro de cada um deles uma exterioridade não compartida com o outro e há uma exterioridade compartida pelos dois, a essa eu chamo de exterioridade centrípeta. Essa última pode se reduzir ao ponto, mas, jamais desaparecer.

Ora, a natureza de cada uma dessas três exterioridades é da mesma natureza. Numa nuvem de cinza, a exterioridade que fica longe dos toros, a exterioridade que fica dentro singularmente de cada um dos toros, a exterioridade que fica dentro e é compartida pelos dois toros é da mesma natureza: cinérea.



Pareceria que um místico, como Meister Eckart, na leitura de Lacan que também é minha, diria que a alma e a divindade formariam uma união íntima nessa exterioridade centrífuga, portanto, uma união sempre assintótica, como o beijo de duas bocas que por encostarem os lábios ao ponto de esmagá-los, jamais os lábios de uma boca se fissuram nos lábios de outra!!! Por isso, até o beijo é assintótico e não somente a curva de Gauss!!!

Em termos de pesquisa psicanalítica, o toro do grande Outro (A barrado) e o toro do Sujeito ($) se enlaçam e compartem um espaço, o espaço da exterioridade centrípeta, que é uma intimidade assintótica, que na nossa topologia chamamos de “extímidade” (isto é uma intimidade assintótica e externalizada!) O que é desejo para o grande Outro é demanda (pedido de amor) para o Sujeito e o que é desejo para o Sujeito é demanda (pedido de amor) para o grande outro.

Quando dois de nós nos colocamos num duelo de demandas (pedidos de amor), enlaçamo-nos nisso que se denomina o círculo infernal da demanda, união sataníssima que nem sequer a morte conseguiria separar.

POR QUÊ, PELA LÓGICA, NÃO PODE HAVER JAMAIS DUELO DE DOIS DESEJOS COMO PODE HAVER DUELO DE DUAS DEMANDAS?

A extimidade é o espaço que se encontra mais perto e mais “interior” sem deixar de ser exterior. Por mais próximos que estejam desejo do Grande Outro e demanda do Sujeito, ou desejo do Sujeito e demanda do Grande Outro, a aproximação será sempre infitinamente assintótica, isto é, jamais poderá ser fechada ou anulada.

Nesse abraçamento de Sujeito e Grande Outro, tanto o Grande Outro pode ser buscado como se fosse objeto a pequeno, causa de desejo para o Sujeito, como o Sujeito pode ser buscado como objeto a pequeno, causa de desejo para o Grande Outro.

O sujeito se vê e sente vivo transitoriamente existindo nessa inefável, inagarrável, embaucada, estupefacta, quase estúpida e insistente existência entre a extimidade do Grande Outro e a extimidade do objeto a pequeno. Quando a gente diz eu com a voz da gente, esse som de voz que acabamos de proferir já não mais está aí! É por isso que por mais que procuremos esse eu, jamais o agarramos. Apaga-se no momento que cintila. Se cada cintilação fosse concebida como uma vida, nossa vida seria uma infinita galáxia de cintilações.















POR MAIS ABRAÇADOS QUE ESTEJAM OS TOROS SEMPRE PERDURARÁ A EXTIMIDADE NEM QUE SEJA POR UM PONTO

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