quinta-feira, 15 de maio de 2014

UM EXPERIMENTAÇÃO EM LITERATURA EPISTOLAR DIGITAL




            O que ouvi entre Estafermo e Gioconda!
por jlcaon@terra.com.br Em 140515

ESTAFERMO: “Teus textos são REBARBATIVOS. Por isso as pessoas não te leem”.
            GIOCONDA: Eu esqueci em seguida o termo e me surgiu, no lugar do termo esquecido, o termo “BÁRBARO”, “FINESSE” de Pascal. Depois, me lançado para a recuperação do esquecido, me veio os termos “APLANADO”, “POLIDO”, “GEOMÉTRICO” de Pascal.
            Todavia, quando me dizias que não me leem, porque meus textos são REBARBATIVOS, eu me senti reconhecida e triunfante.  
            - É isto mesmo, Estafermo. Eu escrevo como psicanalisante. Não escrevo para ser lida, para ser citada. Eu escrevo para ser ouvida naquilo que fica nos entrescritos. Eu escrevo também para que os outros escrevam. Eu não escrevo para que meu texto seja citado ou estudado. Eu escrevo para que outros textos possam ser escritos.
            Mais. Não preciso nem devo acolher o conselho de Lacan de que o texto pronto deve ser lançado ao publixo, isto é, à publicação. Não preciso nem devo seguir o conselho dele, porque meu texto nunca vai ficar pronto para ser lançado ao publixo.
            Eu escrevo textos como quem escreve cartas. E se escrevo cartas na internete, escrevo  como a participante de um grupo de pessoas onde se conversa com o outro na frente e na escuta de outros. É só reler a proposta da CES em diálogo com o jornalista e escritor Carlos Fernando KARNAS.
            E então?
            E se escrevo para um outro na Internete, escrevo para esse outro, na presença de todos os outros, isto é, escrevo de tal forma que possa ser ouvida, no caso lida, POR CADA UM DE TODOS OS OUTROS.
            Atualmente, não é mais preciso esperar que alguém recolha as cartas de um missivista e as publique, para que todos os outros, fora o receptor, compartilhem o texto do missivista. Agora, aquilo que é como carta rebarbativa é, em primeiro lugar, arte de bem dizer de psicanalisante, diferente da arte de bem dizer do escritor descompensado nas construções lógico-retóricas ou retórico-lógicas.
Mais. Agora essa arte de bem dizer de psicanalisante, em cartas rebarbativas, pode ser enviada, em cima do lance, pelo missivista, tanto para o receptor a quem primeiro foi endereçada, como para outros receptores que compartem o mesmo lugar do receptor privilegiado.
Essa situação é uma outra forma de existência nossa de cada dia, existência essa que, por falta de outros termos ou expressões de linguagem, designo de “existência digital”.
E então? Vale a pena reler o portal da CES (comunidade epistolar solidária)?

Grupos de escritores profissionais e amadores que escrevem a leitores que escrevem.

A maior revolução pedagógica acontece nos momentos em que a classe de aprendentes fica disposta em círculo, onde um participante enxerga a todos e todos enxergam a um, e onde cada participante, em PÚBLICO, dirige a palavra a UM interlocutor que, por sua vez, lhe responde, imediatamente e em público.
Trata-se de modalidade de exercício do diálogo vivo e prático, como Aristóteles teoriza em “Tópicos”, Kant em “Lógica” e H.P. Grice em “Lógica e conversação”
No ambiente escritural, essa forma de interatividade dialogada se dá, em parte, por cartas enviadas pelo correio comum. Todavia, as cartas não costumam ter publicidade imediata. Sabe-se raramente de carta publicamente enviada a um interlocutor. Esses são os limites em que estava a literatura epistolar.
Atualmente, graças à invenção do correio eletrônico e à organização de grupos internéticos, como os grupos yahoo e facebook, a literatura epistolar pode ser PUBLICAMENTE retomada, redimensionada e praticada no momento mesmo da sua produção, democratizando, assim, o ambiente internético, como se democratiza o ambiente áulico.
É a interescritura em público que torna capaz um escritor, profissional ou amador, a sair de sua solidão e a escrever para o leitor que lhe escreve. Ganham os interlocutores, ganham os participantes e ganha a democracia.
Carlos Fernando KARNAS, jornalista, e José Luiz CAON, psicanalista, depois de diversas iniciativas, em ambiente escritural, com grupos de participantes presenciais, semipresenciais e à distâncias, postos imediatamente a escrever para leitor que escreve, estamos animando mais essa iniciativa de literatura epistolar pública, em cima do lance, nessas duas comunidades internéticas abertas ao escritor profissional ou amador, disposto a escrever para o leitor que escreve.
De Caçapava (SP) e de Porto Alegre, 17fev2011  

terça-feira, 4 de junho de 2013

Dodo, o Faça-Faça do Carroll

Se o que se ouve dizer, for verdadeiro: "mas, na prática, a teoria é outra", então a prática é que é de verdade a teoria?

 por jlcaon@terra.com.br Em 130604230306

PRATICAR é fazer aquilo que Dodo (Tradução: Faça-Faça), do Carrol, diz para Alice: the best way to explain, it is to do it (a melhor maneira de explicar algo, é fazê-lo). A isso eu acrescento: e é fazê-lo a gente mesmo e do jeito da gente mesmo. Então, a melhor maneira de explicar algo é fazê-la a gente mesmo e do jeito da gente mesmo.
E há mais. Todavia, para dizer bem aquilo que a gente faz, é preciso se fazer entender, pelo menos se fazer entender pelos mais próximos da gente.
E não basta nos fazermos entender dizendo FREQUENTE E CONSTANTEMENTE uma e mais vezes o que estamos fazendo para os que estão mais próximos da gente!
É preciso que, entre esses que estão mais próximos da gente, haja os que se dispõem a ser generosos e capazes de iniciativa em nos escutar e de nos ler.
Digo mais ainda. Que se disponham à generosidade e iniciativa de nos escutar e de nos ler uma e mais vezes e nos digam uma e mais vezes o que estão escutando e o que estão lendo.
Isto é que é conversação de verdade, isto é se incluir como interlocutor válido.
O resto é continuar no gozo de se fazer passar por defunto, o que é uma DESCARADA HIPOCRISIA, pois quem se faz passar por defunto, defunto não é.
Defunto que é honesto não finge que é defunto.
Vivente é inescapavelmente vivente: não consegue fazer de conta que está vivo, mas pode fazer de conta que está defunto. O que vem a ser, insisto, uma baita e descarada hipocrisia, um gozo pérfido, o gozo mais infeliz e desafortunado, mas cultivado pelo brasileiro, cujo desejo não é se finar e desaparecer, mas desejo de hipocritamente se fazer passar por defunto. É a miséria de nossa nacionalidade onipresente nas mais simples e cotidianas situações!

(Carroll: Alice adventures in wonderlands, Chapter 03).


domingo, 7 de abril de 2013

A tragicidade é imitação, representação e prolongamento do existir do humano



    Izabel e colisteiros leitores de S06:
Nietzsche, em seus estudos "Nascimento da tragédia", mostra que a concepção de tragicidade, nos gregos, é imitação e reflexo da existência humana.
 
Essa tragicidade da existência foi primeiramente objeto dos mitos trágicos, especilamente gregos, como o Édipo, Narcisos, e, subsequentemente, objeto da arte de alguns autores trágicos, como Ésquilo.
 
A decadência dessa concepção de tragicidade já entre os gregos não desaparece, pois fica como que esquecida sob a concepção socrática, platônica e apolínea, aparecendo vez por outra, nas irrupções dionísicas, que tanto escandalizam as comunidades, mas que tanto atraem e seduzem as massas e qualquer cidadão.
 
Assassinatos espantosos, acidentes onde a hecatombe é de mais de três centos, etc., etc., são objeto de atração também explorado pelos meios de comunicação que sabem que há espectadores para tais espetáculos.
 
Entre o dionísico e o apolíneo há uma "mediador": a fala.
 
Pela fala, tanto o dionísico como o apólíneo são "representaçoes".
 
 E a representação de um gesto dionísico não é um gesto dioníscio, como a representação de um gesto apolíneo não é um geto apolíneo. A práticas de fala, como a clínica psicanalítica, colocam-se no mais avançado grau de existência de tragicidade, onde o terror e o êxtase são objeto respectivamente de sublimidades horrorosas ou extasiantes.
 
Ora, aquilo que a arte em forma de representações de tragicidade, teatro, retórica, poética, etc., não é capaz de alcançar, a prática da clínica da psicanálise pode chegar em parte, embora não de todo.
 
Isto é, o psicanalisante vive e anda na existência mais tragicamente que os artistas, pois que além de ser herói como os artistas criativos, é um herói anonimo.  Coisas de "O gênio sem ventura e o amor sem brilho!" http://www.releituras.com/olavobilac_lingua.asp

terça-feira, 5 de março de 2013

A verdade da atochada


A verdade da atochada

jlcaon@terra.com.br 130305100316

O verto “atochar” na sua acepção de ludibriar pressupõe engenhosidade e esperteza. Engenhosidade e esperteza são capacidades que um PENSADOR SISUDO jamais despreza.
Um PENSADOR SISUDO não tem interlocutor mais colaborador que um ATOCHADOR.  Platão não seria PENSADOR SISUDO sem o sofista, o ATOCHADOR mais genial da época dele.
Tomás de Aquino não seria PENSADOR SISUDO sem opositores, ATOCHADORES, que, inexistentes, ele mesmo os inventava.
A tradição milenar em que vivemos mantém, sustenta e alimenta o lugar do PENSADOR SISUDO ensinando a uma AUDIÊNCIA DE ATOCHADORES.
É possível inverter essa tradição: pôr na AUDIÊNCIA DOS ATOCHADORES o PENSADOR SISUDO e no PÚLPITO DO PENSADOR SISUDO a AUDIÊNCIA DOS ATOCHADORES? Lacan teria tentado essa proeza especialmente quando ele mesmo se coloca na posição de psicanalisante falando à multidão.
Haveria outra maneira de denunciar os ATOCHADORES que, quais SOFISTAS frequentadores da academia de Platão, aprendem de orelha o VERNIZ das coisas sábias que o SENSATO E SISUDO PENSADOR lhes passa, para depois venderem o VERNIZ como se fosse OURO?
De qualquer forma o ATOCHADOR que vende o VERNIZ como OURO não deixa de ser um AMIGO DA VERDADE. Mas, será AMIGO DA VERDADE aquele que vê no VERNIZ a própria VERDADE?  
Assim como o VERNIZ pode esconder OURO, assim também a fumaça pode encobrir FOGO.
Ocupar o lugar do atochador para escarmentar os atochadores é justo, lícito, louvável e sábio?
Não procedia assim Sócrates na pesquisa filosófica publica? Não procedia assim Lacan na pesquisa psicanalítica pública?

sábado, 12 de janeiro de 2013

Facebook: modo de usar


Facebook: modo de usar.
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“Uma grande revolução pedagógica acontece, quando a classe de aprendentes fica disposta em círculo, onde um participante enxerga a todos e todos enxergam a um, onde cada participante, em PÚBLICO, dirige a palavra a UM interlocutor que, por sua vez, lhe responde, imediatamente e em público. Trata-se de exercício do diálogo vivo e prático, como Aristóteles teoriza em Tópicos; Kant em Lógica; H.P. Grice em Lógica e conversação.” (Cf. http://br.groups.yahoo.com/group/cesdocaon/?yguid=42882599  ou https://www.facebook.com/groups/ccs.caoncomunidadesolidaria/members/)
O Facebook considerado extensão ou suplência da rua ou do pátio de uma escola não promove a conversação como quando é considerado sala de aula geograficamente estabelecida em forma de roda de chimarrão, onde um pode falar para outro na presença de todos. Assim, é a conversação lançada em todos os azimutes. A existência presencial própria de uma de uma sala de aula disposta em roda de chimarrão pode continuar como existência semipresencial ou à distância no espaço internético do facebook.
Também como professor de sala de aula durante muitos anos, inventei diversas formas de agremiação com o objetivo de garantir a conversão entre pares, ou na presença de todos em um pequeno grupo, ou na presença de todos no grande grupo. Foi assim que me ocorreu a ideia de constituir pequenos grupos democráticos (chamados de grupos áulicos), usados nas atividades do GEEMPA, Escola PROJETO e tantas outra iniciativas didático-pedagógicas nesse Brasil.
Experimentei uma atividade mais recente servindo-me do chat coletivo. Ela permite a conversação de qualquer par no grupo em existência digital semipresencial. Em existência presencial onde a conversão serve-se da tinta da voz e não da tinta eletrônica, o vozerio de salão de festa à brasileira impede que aquilo que a conversação vozeada por um par possa ser ouvida por todos.  Em existência semipresencial a conversação digitalizada entre os participantes de um par pode ser lida por todos os participantes.
Prefiro me ocupar com os bloqueios e dificuldades de conversação revelados e denunciados, por exemplo, pela formação de agrupamentos em roda de chimarrão, onde um fala para outro que lhe responde na presença de todos os participantes do agrupamento. O chat e o espaço do Facebook, etc., redimensionam a roda de chimarrão, permitindo que todos os participantes conversem ao mesmo tempo e todos possam acompanhar a conversação dos outros.  
Dessa maneira, a utilização do chat e do facebook e de outras tantas maravilhas que nos são oportunizadas pela internete que, além de nos proporcionar instrumentos e meios de animar a conversação, também revelam e denunciam a miséria das pessoas que veem revelada e denunciada a própria precariedade, quando não incapacidade de estabelecer e manter entabulada uma conversão.
Os escritores literatos continuam a “conversar” com o próprio umbigo e frequentemente continuam monologando, mesmo quando, em seus escritos, usam a forma do diálogo. O escritor epistolar que escreve para leitor que lhe escreve, se não destrói, pelo menos sacode violentamente a posição etérea do escritor literato que, isolado, conversa com o próprio umbigo, dando a impressão ao leitor incauto ou desatento, que ele, leitor, acredite que o escritor literato, ao escrever, estava a conversar com musas e quejandas.
A conversação digital retoma aquela existência presencial em que a conversação exigia e exige o emprego de nossa viva voz em cima do lance, em situação de perene transitoriedade, na qual vivemos no tempo que é sempre presente e de presente (tempo e dom) e do qual jamais escapamos. Hoje, a existência digital semipresencial permite relançar a conversação por meio da tinta eletrônica, onde dedos que falam para olhos que ouvem suplementam a boca e o ouvido da existência presencial.
É o usuário que não chegou a ser capaz de se servir das maravilhosas possibilidades das invenções atuais. Assim, continua conversando com seus botões ou umbigo, assistindo a essas maravilhas tipo Facebook, como antigamente  meninos acanhados viam a existência no pátio, na rua, na praça e nas antigas formações da sala aula como sendo espaços mais para exibições do que de práticas de conversação.

domingo, 6 de janeiro de 2013

Por que o pesquisador psicanalítico estua lógica?



LÓGICA ANTIGA (LA) e LÓGICA MODERNA (LA):
DIFERENÇA EM SEUS QUADRADOS DAS PROPOSIÇÕES


Este texto será debatido nesta próxima segunda-feira, das 10h às 12h, dia 07 de janeiro de 2013. Afora, os participantes de sempre, há espaço para 15 novos participantes que se sintam convocados e se expressarem por demanda ou iniciativa. O lugar será anunciado a cada um logo após a inscrição ter-me chegado via e-mail. Att jlcaon
 

Qual o universo do discurso da pesquisa psicanalítica
para o atual homem de ciência?

Bibliografia:
COPI, p. 156-159: “O Conteúdo existencial”.
COHEN-NAGEL, p. 57-59: “Contenido existencial de las proposiciones categóricas”.

Copi cita Shakespeare e Homero dizendo-nos: “Alguns espectros aparecem nas obras de Shakespeare” e “Alguns deuses gregos são descritos na Ilíada.” Ora, todos sabemos que não existem espectros nem deuses, portanto são enunciados falsos, isto é, sem fundamento material e sensível. Todavia, tomados no universo literário de Shakespeare e Homero, são deveras enunciados verdadeiros, “fáticos”, isto é, “literariamente fáticos”.  Isto é, são verdadeiros enquanto estão presentes nos escritos de Shakespeare e de Homero.
A comparação das proposições A e E contra as proposições I e O obriga a admitir que as proposições universais A e E não implicam existência, isto é, conteúdo existencial, enquanto que as particulares I e O exigem conteúdo existencial!!!
Para que a proposição “Todos os corruptos são malvados” não implica a existência de corruptos. Aliás, é por não implicar conteúdo existencial que A e E são contrárias.
A partir de Boole, há que reformular o quadrado das oposições da Lógica Antiga (LA). Segundo Boole, as proposições I e O tem conteúdo existencial. Por exemplo, se a classe do Sujeito, S, for nula, então as proposições I: “Algum S é P” e O: “Algum S não é P” são necessariamente falsas, pois que nessa classe S, não há conteúdo.   Todavia, na relação de contraditoriedade, mesmo sendo falsas, tanto I contra E ou O contra A, suportam a relação de contraditoriedade. Mas, por que Boole sustenta isso? Estaria pagando tributo à LA? Não, de jeito nenhum. Boole constitui sua LM (Lógica Moderna) considerando que as proposições universais A e E, não têm conteúdo existencial. Então, a contraditoriedade entre O e A e a contraditoriedade entre I e E continua vigorando, mas o fundamento da LM não é o fundamento da LA!
Cohen-Nagel também dizem de modo bem incisivo que as universais A e E não afirmam a existência de algum indivíduo, apenas negam existência de certos tipos de indivíduos. As particulares I e O não negam a existência de nada, elas afirmam que certas classes têm membros, pelo menos um. Por exemplo: “Todos os varredores de rua são pobres”, que é uma A, significa que se um indivíduo é varredor de rua, ele tem que ser pobre. Não se infere que haja de fato um varredor de rua em Marte, mas que se lá houver um varredor de rua, ele tem que ser pobre.
Booleanamente, assim se lê a A: “Todos os varredores de rua são pobres” => “PARA TODOS OS CASOS OU VALORES DE x, se x é um varredor de rua, então x é pobre.” 
E, booleanamente, assim se lê a I: “Alguns varredores de rua são obres: => “EXISTE UM x; tal x é varredor de rua e x é pobre.”
Que as proposições universais A e E não implicam existência, fica claramente evidenciado com a enunciação da primeira lei do movimento, por Newton: “Todos os corpos não submetidos a forças externas persistem eternamente ou em seu estado de repouso ou de movimento retilíneo uniforme”.  Alguém pode encontrar esse corpo?  Também sabemos que “Todos os corpos se atraem mutuamente” (Lei da gravitação universal).
Assim, pelos princípios das ciências as proposições universais agem sempre como hipóteses, não como enunciados fáticos afirmando a existência de indivíduos que exemplificam os enunciados universais! As ciências não exigem fatos concretos, mas apenas fatos possíveis, fatos plausíveis, passiveis de probabilidade.
Por fim, que existência é a existência implicada nas proposições particulares I e O? A existência em questão é a que pode se dar no UNIVERSO DO DISCURSO em questão. A existência de deuses no UNIVERSO DO DISCURSO de Homero ou a existência de espectros no UNIVERSO DO DISCURSO de Shakespeare é verdadeira. Fora desses contextos, nem sequer se pode chamar de existência, ou não será mais a mesma que aparece em Homero ou Shakespeare. O que existe num UNIVERSO DE DISCURSO pode não existir em outro.
Cohen-Nagel antes de encerrar o Capítulo 02, p. 66-68, explicitando a diferença entre a LA e LM no que tange as proposições, servindo-se da representação diagramática, p. 54-57, encenariza, por meio dos círculos de Euler-Venn, o novo quadro das proposições da LM. E na página 68, reoferecem o quadrado das proposições da LM.
Por sua vez, Copi, p. 160-165, servindo-se dos diagramas de Venn, já fizera o mesmo e com mais didática e propriedade.
A comparação dos dois textos permite que se aplique essa LM a fatos psicanalíticos, proposições psicanalíticas, ensejando uma contribuição ao campo da ciência moderna fundada na LM. Por exemplo, ... (a ser continuado, por quem se sentir convocado).           


FICHA DE ESTUDO PARA AS ATIVIDADES DE 07 de janeiro de 2013.
            Por jlcaon@terra.com.br

.01. Brain-storming: “Que diferenças há entre “CLASSE” e “PROPOSIÇÃO”? (Alguém escreve a lista de respostas.)
.02. Um círculo numa folha de papel representa (é o diagrama de) uma CLASSE. Desenhar esse círculo.
.03. Representar os termos de SUJEITO e de PREDICADO de uma PROPOSIÇÃO CATEGÓRICA TÍPICA respectivamente por S e P. Desenhar dois círculos encimados pelas letras S e P.
.04. A classe do S e a classe do P se relacionam por meio de uma PROPOSIÇÃO. Essa relação pode ser representada a) por palavras formando uma frase tecnicamente definida; b) por letras marcadas positivamente (isto é, S ou P, sem sinal algum) ou negativamente (isto é, S ou P com traço sobreescrito). Exemplificar a) e b).
.05. Escrevem todas as POSSIBILIDADES de associação de S e P.
.06. a) Um círculo em branco não quer dizer nada. b) Dois círculos em branco, um ao lado do outro nada significam. c) Um círculo em branco sobreposto parcialmente a outro também em branco não quer dizer nada. Desenhar a), b) e c).
.07. Um círculo em branco ao ser totalmente preteado quer dizer CLASSE VAZIA. Mostrar que S e P em .06. b) estão vazios, 1) só com figuras; 2) só com letras; 3) com figuras e letras ao mesmo tempo.
.08. Um simples ponto (.), isto é, um x, num círculo em branco quer dizer que há pelo menos (pode haver muitos, mas nunca exaustivamente) elementos neste círculo, ou classe, seja S ou P. Desenhar dois círculos mostrando isso.
.09. O preteamento total ou parcial num círculo a) sozinho, ou b) sobreposto a outro, mostra a ausência que pode também ser ESCRITO por meio de letras com traço sobrescrito. Desenhar círculos mostrando isso.
.10. A letra x mostra a presença de pelo menos um elemento (podem ser muitos, mas nunca exaustivamente). Mostrar como se representam com cois círculos e com letras a proposição: Algum P é S. (Alguns psicanalistas (S) são estudiosos (P).
Agora, dá para começar a 1) enunciar com palavras as quatro proposições categóricas típicas; 2) representá-las por meio de círculos de Venn; 3) representá-las por meio de letras; 4) representa-las por meio de círculos de Venn e por meio de letras ao mesmo temp.
A PROPOSIÇÃO que é a UNIDADE, MONDADA do discurso compõe-se de S e P relacionados pela CÓPULA. O SILOGISMO que é a UNIDADE, MÓNADA da ARGUMENTAÇÃO LÓGICA compõe-se três PROPOSIÇÕES (duas premissas e uma conclusão) relacionadas pelo TERMO MÉDIO (M), pelo TERMO MAIOR, T, e pelo TERMO MENOR (t).  Cuidada que os termos da PROPOSIÇÃO são S e P e os termos do SILOGISMO são M, T e t.
Embora se insista que uma PROPOSIÇÃO CATEGÓRICA TÍPICA se determina pela sua QUANTIDADE e pela sua QUALIDADE, o estudo da relação das quatro PROPOSIÇÕES CATEGÓRICAS TÍPICAS não avança muito se não se tiver presente o que significa a DISTRIBUIÇÃO do S ou do P em A, E, I e O, respectivamente. 

sábado, 5 de janeiro de 2013

Ars gratia artis


A existência digital moraliza?

Bem fala quem bem lê e bem lê quem bem escreve.
E o que vem a ser “bem escrever?”


Por jlcaon@terra.com.br 1301050720

   “Ars gratia artis” (arte pela arte) está bem presente em “scribere gratia scribendi” (escrever pelo escrever). O escrever não precisa de recompensa, ele já é ela.
   Escrever profissional ou eruditamente é escrever para ser lido por leitor que não escreve. Escrever amadora ou bricoleiramente é escrever para leitor que também escreve, como no escrever cartas ou emeils.
   As cartas formam a literatura do gênero epistolar. Os emeils formariam a literatura do gênero emeiliano?
   As pessoas que recebem carta e não a respondem não são denunciadas como o são as pessoas que recebem emeils e ou não os respondem ou não acusam tê-los recebido.
   A existência digital tem algo que os antigos pensavam estar no Juízo Final: o “nihil inultum remanebit” (nada ficará oculto). Agora, isso não precisa ser postergado para o Juízo Final! A informática está permitindo moralizar esse país.
   Não é incomum ver o sistema confirmar que o emeil enviado foi aberto ou lido. Mesmo assim, emeilistas relapsos dizem que não receberam o emeil, confirmado pelo sistema. A existência digital moraliza!
   A pergunta inicial “que é bem escrever?” teria outro encaminhamento senão o de considerarmos nossa escrita como a feição de nosso corpo? O estilo não é a feição de nosso corpo?
   Não adianta fazer pose para aparecer diferente na foto. Não adianta fazer cópias, plágios, citações. Citar, copiar, plagiar é se mostrar, mesmo achando que estamos posando.