A Itália perdida e a Pasárgada dos sonhos
dos deportados que se creem imigrantes
por jlcaon@terra.com.br 1201024040322
Vou mexer na cicatriz ainda não bem cicatrizada: a dos deportados que não deixaram de crer que são imigrantes e descendentes de imigrantes.
Alla Merica noi siamo arrivati
No abbiam' trovato nè pàglia nè fieno
Abbiam' dormito sul nudo terreno
Come le bestie abbiamo riposa'
L’albero degli zoccoli, de Ermanno Olmi (1978) http://www.youtube.com/watch?v=sJnwRPPrW7E
é metáfora pungete do drama dos deportados.
Diferentemente dos atuais governos árabes que trucidam os governados, os governos italianos do segundo quartel do século retrasado deportavam para a América, os governados, especialmente pobres e miseráveis. O passaporte era gratuito, mas só de vinda. Era a moeda que o recém-finado apresenta a Caronte antes de subir na barca que o leva definitivamente para o outro lado do Aqueronte. Ida sem volta.
Dei-me conta dessa maracutaia dos governos italianos da segunda metade dos oitocentos e acho engraçado o enlevo que os mais velhos mostram quando falam da Bella Itália que nunca tiveram.
Aprendi latim, um pouco de grego, bastante inglês e espanhol, muito francês, um pouco de alemão, não aprendi a falar italiano! Lamentável. Conheço as literaturas dessas línguas. Conheço bem menos a literatura italiana. Lamentável!
Mas, a palavra "italianidade" (italianità) discretamente sempre me prende a Virgílio, Dante, Collodi, Calvino, Vátimo, Vivaldi, Verdi, Rossini, Fellini, Visconti, Pasolini, etc..
A italianianidade é minha agulha de bússula indicando o Norte, embora nada a ver com as rotas dos “bruti, sporchi, cativi e adesso berlusconi”.
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