sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Solidariedade e banalização da solidariedade


Por jlcaon@terra.com.br120127040607


Solidariedade seria dar esmolas, abrir o bolso para livrar-se de pedintes chato na rua, anuir para subtrair-se dos assédios das campanhas beneficentes ao telefone? Não mais participo de campanhas beneficentes de Natal ou de campanhas beneficentes de Carnaval. Essa “solidariedade”, tipo natalino-carnavalesca ou carnavalesco-natalina, faz-se vez por outra. Natal e Carnaval, palavras que rimam uma com a outra e as duas rimam com "igual"...
Solidariedade seria escrever para leitor que escreve e, desta forma, relançar e redimensionar aquilo que se chamava e ainda se chama literatura epistolar. Hoje, a literatura epistolar por meio de cartas está sendo propulsionada a emeils, marcando a existência de leitor passivo em existência ativa, digital, de escritor que escreve para leitor que escreve.
Incluir os excluídos no bloco do Carnaval, nas ceias de Natal, incluir-se nos excluídos, por exemplo... nisso, a solidariedade se tornaria uma coisa, senão excêntrica, pelo menos um tanto curiosa e gostosa. Incluir e incluir-se na existência digital por meio de literatura epistolar movida a emeils, preferentemente em agremiações ou grupos tipo yahoo ou facebook, eis uma solidariedade.
Se solidariedade de Natal ou Carnaval fosse todos os dias, essa solidariedade natalesca ou carnavlina se aguentaria?
“Que é isso - dizem Estafermo e Pascácia - de Natal carnavalesco a Carnaval natalino?” Eles adoram a canção de Luiz Carlos Paraná, Maria, Carnaval e Cinzas, cantada por Roberto Carlos.
Solidariedade de Carnaval e de Natal ou coisa igual, tudo não passa de mesmo agito?

Vale comparar:



Agora, escrevo, além de um quarto de mil palavras e pergunto: A forma como se encontra a informação sobre “Maria, carnaval e Cinzas” deixa ou não Estafermo e Pascácia perplexos como me deixa a mim? De quem é a letra dessa canção?


Maria, Carnaval e Cinzas



Luiz Carlos Paraná


Nasceu Maria, quando a folia,
Perdia a noite, ganhava o dia,
Foi fantasia seu enxoval,
Nasceu Maria, no carnaval,
E não lhe chamaram,
Assim como tantas,
Marias de santas,
Marias de flor,
Seria Maria,
Maria somente,
Maria semente,
De samba e de amor,
Não era noite e não era dia,
Só madrugada, só fantasia,
Só morro e samba,
Viva Maria,
Quem sabe a sorte lhe sorriria,
E um dia viria,
De Porta-Estandarte,
Sambando com arte,
Puxando cordões,
E em plena folia,
De certo estaria,
Nos olhos e sonhos,
De mil foliões.

Morreu Maria, quando a folia,
Na Quarta-feira, também morria,
E foi de cinzas, seu enxoval,
Viveu apenas, um carnaval,
Que fosse chamada,
Então como tantas,
Marias de santas,
Marias de flor,
Em vez de Maria,
Maria somente,
Maria semente,
De samba e de dor,
Não era noite e não era dia,
Somente restos de fantasia,
Somente cinzas, pobre Maria,
Jamais a vida lhe sorriria,
E nunca viria, de porta-estandarte,
Sambando com arte,
Puxando cordões,
E não estaria, em plena folia,
Nos olhos e sonhos de seus foliões !

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