Pior que ser enganado por velhaco é ser enganado por simplório

Pior que se enganado por velhaco é ser enganado por simplório

Por jlcaon@terra.com.br 120113020618

Malasartes participou da procissão pedindo chuva. Conheceu Pascácia e Gioconda, mas não gostou desta.

Terminada a procissão, aproximou-se de Pascácia. Segredou-lhe que viera à procissão buscando consolo. O corpo da filhinha dele, falecida na noite passada, estava na capela mortuária do hospital ainda sem caixão. Precisava de R$ 2.000,00 para retirar o cadáver da pequena e enterrá-lo cristã e honestamente. Mostrando-lhe um bilhete de loteria, disse-lhe que estava premiado com R$ 10.000,00, mas só poderia ser descontado na próxima semana.

Pascácia hesitou. Em nome da caridade, consolou Malasartes. Levou-o consigo. Deu-lhe janta. Raspou as economias somando R$ 1.500,00. Malasartes agradeceu a ajuda e arrumaria o restante com um compadre. Pascácia lembrou-se do vizinho, Estafermo, e arrumou para Malasartes os R$ 500,00 faltantes e ficou com o bilhete premiado.

Na semana seguinte, Pascácia, ao descontar o bilhete, soube que era um bilhete não premiado. Deu queixa ao delegado, preguiçoso, mas nada bobo. E consolando-a esclareceu-lhe:

- Dona Pascácia, eu deveria prendê-la? Malasartes levou-lhe apenas R$ 1.500,00. A senhora ia tomar dele R$ 8.000,00. Malasartes é canalha, agiu em má fé levando-lhe R$ 1.500,00. A senhora é simplória, agiu em boa fé e levou R$ 500,00 de Estafermo. Entre Malasartes e a senhora há somente um enganado. Entre a senhora e Estafermo há dois. Engano em má fé é menos perigoso que engano em boa fé. A senhora tem que pagar os R$ 500,00 que tomou de Estafermo.