sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Ver e olhar; ouvir e escutar; sentir e provar...




Por jlcaon@terra.com.br
Para CarlosFKarnas, CristinaFogaça e aos bricoleiros de falas e escritas



   Pelo falar, aprendemos a ouvir; pelo escrever, aprendemos a ler. Ninguém lê melhor que aquele que escreve; ninguém ouve melhor que aquele que fala.
 No início é o Verbo, mas Verbo em modo de falar e de escrever! Falar e escrever são exercícios e vitamina para o ouvir e o ler.
 Quê diferencia ver de olhar, ouvir e escutar? Que diferencia, no aperto de duas mãos, o sentir e o provar? O que sentimos é mais vasto do que achamos que sentimos. A senso-percepção é mais ampla que a consciência dessa percepção.
 Tentemos bricolar ou enjambrar alguma coisa, provando, isto é, experimentando por mostração e demonstração simultaneamente.
 Durante a noite, numa sala com lâmpadas acesas, exibo o primeiro cartaz de cinco. Todos veem o que está escrito no primeiro. No exato momento em que exibo o segundo, as lâmpadas se apagam. Tudo fica escuro e ninguém vê coisa alguma no cartaz. Mas, todos começam a olhar. Começam ou estavam olhando sem se dar conta, pois somente consideravam que estavam vendo e não olhando? NO ESCURO A GENTE NÃO VÊ, MAS CONTINUA OLHANDO. O cego também olha mesmo sem ver!
 Do escuro, passemos ao silêncio. No silêncio é que escutamos mesmo, pois já não ouvimos mais nada.
 O psicanalista escuta aquilo que o psicanalisante ainda não fala! E quanto mais morto estiver o psicanalista, mais poder de escuta ele tem!

Um comentário:

  1. Ao ler o que escreveste lembrei-me da topologia. Essa possibilidade de sobrepor-se à ilusória geometria euclidiana, às aparências, à sensorialidade unicamente não é para qualquer um. Denota o acesso a outras formas de existir. Ocorreu-me a sensação que tive no mes passado ao ver o fundo do oceano pela primeira vez. Sempre tive receio da água, não sei nadar. Lançei-me no mar do Caribe (pois sabia que aquela poderia ser a única oportunidade)com o equipamento necessário às minhas condições e acompanhada de um instrutor. Incrivel a sensação que senti: era um outro mundo...imerso no silencio, inundado de beleza, de outras formas de vida. Esqueci o meu medo de não conseguir respirar!

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