quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

A visível invisibilidade




jlcaon@terra.com.br 120126040507







Uma forma de fazer-se presente, - estando ausente, por separação imposta pela vida ou morte, - é fazer-se presente empregando outras formas de estar ou existir. É o que chamo de “existência digital”, variante da existência virtual, embora o uso de imagens, fotografias, cópias textuais seja o que mais praticamos, como brasileiros analfabetos funcionais, também no FaceBook.
Compartilhar opinião quando se está presente ou semipresencial junto a outro ou a outros é virtude de fácil prática somente para poucos. E em cor partilhando a opinião, sabemos que não é tanto a nossa opinião que compartilhamos, mas nossa opinião travestida, feita pílula dourada e palatável.
Resultado: o que dizemos não serviria para expressar o que de fato pensamos, mas para embelezar ou ocultar o que de fato pensamos. Diplomaticamente podemos falar para dizer outra coisa diferente daquilo que realmente pensamos.
Diante desse mal-estar na comunicação humana, onde dizer a verdade é dizer mentindo e vice-versa, é condição constituinte, é nossa glória sermos capazes de pelo menos dizer a verdade (com mentira) e a mentira (com verdade). Crer que na prática podemos ser plena e exclusivamente verazes ou plena e exclusivamente mentirosos seria engano.
Como antoniopradensedosul, se dissesse “Todos os antoniopradensesdosul são mentirosos” eu estaria mentido. Por quê? Se todos os antoniopradensesdosul fossem mentirosos, eu, antoniopradensedosul, não seria, pois estaria dizendo a verdade. Se todos os antoniopradensesdosul fossem verazes, eu, sendo um deles, estaria agora mentindo. Mas, se todos já sabíamos que sabíamos disso desde prístinas eras...

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