terça-feira, 4 de junho de 2013

Dodo, o Faça-Faça do Carroll

Se o que se ouve dizer, for verdadeiro: "mas, na prática, a teoria é outra", então a prática é que é de verdade a teoria?

 por jlcaon@terra.com.br Em 130604230306

PRATICAR é fazer aquilo que Dodo (Tradução: Faça-Faça), do Carrol, diz para Alice: the best way to explain, it is to do it (a melhor maneira de explicar algo, é fazê-lo). A isso eu acrescento: e é fazê-lo a gente mesmo e do jeito da gente mesmo. Então, a melhor maneira de explicar algo é fazê-la a gente mesmo e do jeito da gente mesmo.
E há mais. Todavia, para dizer bem aquilo que a gente faz, é preciso se fazer entender, pelo menos se fazer entender pelos mais próximos da gente.
E não basta nos fazermos entender dizendo FREQUENTE E CONSTANTEMENTE uma e mais vezes o que estamos fazendo para os que estão mais próximos da gente!
É preciso que, entre esses que estão mais próximos da gente, haja os que se dispõem a ser generosos e capazes de iniciativa em nos escutar e de nos ler.
Digo mais ainda. Que se disponham à generosidade e iniciativa de nos escutar e de nos ler uma e mais vezes e nos digam uma e mais vezes o que estão escutando e o que estão lendo.
Isto é que é conversação de verdade, isto é se incluir como interlocutor válido.
O resto é continuar no gozo de se fazer passar por defunto, o que é uma DESCARADA HIPOCRISIA, pois quem se faz passar por defunto, defunto não é.
Defunto que é honesto não finge que é defunto.
Vivente é inescapavelmente vivente: não consegue fazer de conta que está vivo, mas pode fazer de conta que está defunto. O que vem a ser, insisto, uma baita e descarada hipocrisia, um gozo pérfido, o gozo mais infeliz e desafortunado, mas cultivado pelo brasileiro, cujo desejo não é se finar e desaparecer, mas desejo de hipocritamente se fazer passar por defunto. É a miséria de nossa nacionalidade onipresente nas mais simples e cotidianas situações!

(Carroll: Alice adventures in wonderlands, Chapter 03).


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