sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Dialética da malandragem e leitura não sacrificial

Não não sei se pudera ouvir o João César na aula que dá sobre o pensamento de Girard.

Refere-se a Antônio Cândido, especificamente, dialética da malandragem. Essa, penso eu, não é coisa sómente da brasileiro. Antônio Cândido é um dos que teorizam com muita propriedade esse movimento do pensamento.

Por que é que não sigo mais a dita dialética hegeliana e marxista, da tese, anti-tese e síntese. Como se sabe, agora a síntese vai ser tomada como tese que vai ter uma anti-tese e consequentemente uma síntese, etc., etc.?

Na prática cotidiana, percebo que a toda anti-tese com a qual enfrento uma tese, não enfrento a tese de todo. Pois, há algo que resta, sobra. Por mais antitética que seja a antítese, jamais esgota tudo o que há. Sempre sobra algo. Portanto, fica algo fora, como restante. Esse restante é um mar inesgotável. Portanto, há sempre lugar para um reinício a partir daquilo que não entrou nem na tese nem na antítese. O malandro serve-se dessa resto!

Li "Memórias de um sargento de milícias" bem no tempo da ditadura e me agradou imensamente o método de levar a vida dos heróis Leonardo Pataca e Maria-da- Hortaliça.

http://www.netsaber.com.br/resumos/ver_resumo_c_3210.html

É literatura pícara de primeira qualidade. É a nossa Odisseia brasileira. Mas, há muitos outros textos sobre literatura pícara que além de serem educativos são muito divertidos.

O profeta Oseias, que encabeça a lista dos 12 profetas menores, representa uma literatura muito engraçada. Ele se põe no lugar do corno, que ama perdidamente a esposa. E assim ele diz que Deus, em seu amor, não abandona o seu povo, mesmo estando na iminência do desastre e de ser arrasado pelos assírios lá pelos anos 725 a. C.

Como sabes, é leitura rápida, apenas 14 capitulozinhos. Mas, na "Bíblia - tradução ecumênica", da Loyola, a introdução a Oseias e o número de notas explicativas fornecem um bom entendimento desse texto.

Me parece que a leitura não sacrificial perpassa todo o texto de Oseias.

Veja:

Os 6, 6: Pois é o amor que me agrada, não o sacrifício, e o conhecimento de Deus, eu prefico ao holocausto."

Os 8, 13: "À guisa de sacrifício, imolam a carne e comem-na, mas o Senhor não se compraz nisso."

Os 11, 7: "O amor prevalece apesar de tudo..."

Os 11, 8-9: "Meu coração se contorce dentro de mim e ao mesmo tempo que a minha compaixão se acende. Não darei curso ao ardor de minha cólera, não tornarei a destruir Efraim =[Israel], pois sou Deus e não homem, sou santo no meio de ti: não virei com furor." =[Na nota se diz que a santidade, aqui, é despojada o seu aspecto aterrador para exprimir a vontade de amar."

Pois, a contribuição que podemos sacar de nosso brasileiro é essa inventividade até para infringir a lei, tanto nas contravenções como nos crimes. Essa inventividade que os adultos tanto apreciam nas nas criancinhas e nas crianças até mais ou menos na segunda ou terceira séria do primário, acaba sendo amordaçada, condenada e nada incentivada. Nossa educação fundamentalista religiosa ou secular continua sendo muito danificadora. A esperteza e a curiosidade são muito mal vistas e muito pouco incentivadas. O menino que diz que o rei está nu será punido! Abr jlcaon

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