quinta-feira, 5 de janeiro de 2012




As “geórgicas do espírito”

Por jlcaon@terra.com.br



And surely, if the purpose be in good earnest, not to write at leisure that which men may read at leisure, but really to instruct and suborn action and active life, these “Georgics of the mind”, concerning the husbandry and tillage thereof, are no less worthy than the heroical descriptions of virtue, duty, and felicity. (The Advancement of Learning, by Francis Bacon)

E, certamente, se o objetivo for realmente sério, isto é, não escrever por escrever para que o leitor leia por ler, mas, escrever para instruir, para provocar atos e vida ativa, essas “geórgicas do espírito”, referentes ao lavradio e cultivo da mente, não serão menos dignas do que as descrições épicas da virtude, do dever e da felicidade.












Virgílio, Geórgicas, III, 1-48



“Geórgicas”, poema de Virgílio, em quatro livros. Enquanto nome, “Geórgicas” provém das palavras gregas ‘geórgein’, ‘georgus’, cultivar, cultivador, isto é agricultor. A comaparção entre escrevedor e lavrador é muito antiga e frequente.



                                         Mulher lavrando a terra



                                        Homem lavrando a terra











Bacon, aproveitou a poesia de Virgílio sobre a agricultura para definir a aprendizagem humana como uma geórgica do espírito. A cultura do espírito equivale à cultura da terra.

O cultivo da natureza e o cultivo do espírito formam o homem civilizado. O camponês que não lavra a terra é um servidor do caos. Que é o digitalizador que ara a tela com as dez relhas de suas mãos?



A palavra sem pá lavra

A relha é pá lavrante,

Um coração de dez dedos

É língua sem boca falante.


                                             Mãos sem boca falantes


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