Escrever artísticamente e escrever bricoleiramente
Por jlcaon@terra.com.br 120103170312
O pensamento selvagem (Lévy-Strauss), pensamento primeiro da humanidade e pensamento primeiro de cada humano não é pensamento primitivo que seria substituído pelo pensamento racional. Pensamento selvagem ou mágico e pensamento racional ou lógico são duas diferentes estratégias de conhecer, de compreender e de controlar a causalidade. O pensamento selvagem controla a causalidade por meio da feitiçaria e da magia; o pensamento racional, por meio da lógica e da ciência.
Lévi-Strauss encenariza o pensamento mágico enquanto sombra projetada pelo corpo e o pensamento racional como corpo que projeta sombra. Não vale a figura de que o pensamento mágico seria o vagido superado pelo pensamento de discurso racional.
Segundo Lévy-Straus, há dois tipos de ciência: um já existente na era neolítica, seria responsável pela domesticação de plantas e animais, cujo vigor diminuiu sem desaparecer de todo.
Então, há duas formas de pensamento científico: um que se apoia na percepção e na imaginação; outro que se apóia em relações lógicas necessárias. O primeiro é típico da ciência neolítica; o segundo é típico da ciência moderna; um inseparável da sensibilidade; outro inseparável da lógica.
Acolher o pensamento mágico como uma forma de fazer ciência permite retomar a eficácia dos mitos que, ou sobrevivem congelados nos ritos, ou sobrevivem como alma das práticas de bricolagens ou enjambrações (o nosso jeitinho brasileiro). Assim sendo, a bricolagem é a prática científica primeira e o bricoleiro que opera apenas com signos se equipara ao engenheiro que opera especificamente com conceitos.
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