terça-feira, 17 de janeiro de 2012

O escritor que escreve para o leitor que não escreve e o escritor que escreve para o leitore que escreve (02)

Escrever artisticamente e escrever bricoleiramente

Por jlcaon@terra.com.br 120117030323



   A bricolagem estaria para a cienciagem assim como o contingente estaria para o necessário. E o contingente estaria para o necessário assim como o acontecimento estaria para a estrutura.
   Lévy-Strauss teoriza a atividade humana de pensamento mágico e a atividade humana pensamento racional. Embora ele não fale da atividade do escrever, eu proponho o escrever enquanto atividade de bricolagem ou enjambração oposta à atividade do escrever enquanto atividade técnica aprimorada. A bricolagem, como se sabe, é a forma por excelência do praticar por parte do bricoleiro que é diferente da forma do praticar por excelência por parte do técnico.
  O escritor que escreve para o leitor que também escreve praticaria bricolagem e enjambrações. O escritor que escreve para o leitor que não escreve praticaria pura técnica.
   Lévy-Strauss utiliza três conceitos, com os quais comparand a bricolagem e a tecnologia. São eles, a ocasião (kairós), a exteriorização e a finalidade. Assim, a bricolagem ou enjambração situa-se no oposto da tecnologia. A tecnologia interioriza a execução e a finalidade, mas exterioriza a ocasião. A bricolagem interioriza a ocasião, mas exterioriza a execução e a finalidade.
   A atividade mitopoética, no plano intelectual, é análoga, no plano prático, à bricolagem ou enjambração. Entre uma e outra está o sujeito itinerante sempre evanescente e diferente em cada momento. A criatividade se dá entre essas duas formas de atividade: mitopoética e bricoleira. O rito, jogo congelado e formatado, e o jogo, rito fluido e flexível, apresentam relações semelhantes.

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