domingo, 8 de janeiro de 2012

Identificação é diferenciação, não é imitação.



O aluno repetente é o bem sucedido



Por jlcaon@terra.com.br



   Nas escolas, o aluno que reproduz, isto é, que repete aquilo que o professor ditou é o aluno bem-sucedido. Aquele que, por incapacidade ou por recusa, não se der bem nesse processo vai se dar mal. O repetente, o repetidos é bem-sucedido.
   O aluno esperto que não quer se dar mal poderia safar-se dessa situação? Havia um cidadão que sofria de tênia congênita incurável. Era invejado: por mais que se alimentasse, sempre estava magro.
   Todavia, as lautas refeições começaram a lhe pesar no bolso. Prudente, lançou mão do seguinte estratagema: chegava mais cedo ao restaurante, encomendada um bastantão, preferentemente com restos da comida do dia anterior. Às vezes, encomendava um segundo.
   Depois de bem refestelado, chama o garção e lhe solicita o melhor prato do dia. E assim faz uma segunda, às vezes, terceira refeição num único almoço.
  Um dia o garção desejou saber desse cliente diferente o motivo desse procedimento. Nosso cidadão explicou-lhe que, pelo fato de sofrer de uma tênia congênita incurável e precisando manter em dia as economias, pensou que, se queria gozar a vida, tinha primeiro que alimentar a tênia congênita incurável. Por esse motivo, a primeira refeição – podia ser de comida de segunda – era para a tênia congênita incurável. Mas, a refeição do prazer essa seria encomendada depois que a tênia congênita incurável estivesse pacificada e bem alimentada.
   Bem que diz a sabedoria gauchesca: “Coisas boas nós aprendemos no galpão =[escola]. Mas, as melhores, fora dele.”


A primazia da diferenciação: ensaio estético


A diferenciação identificadora: uma vez por todas as vezes




 Ninguém se queima duas vezes



If I do not burn
If you do not burn
If we do not burn
How will darkness come to light?

(Se eu não me queimo
Se tu não te queimas
Se nós não nos queimamos
Como podem as trevas fazer-se luz?”

Nazim Hikmet (1901-1963), do poema “Like Kerem”

http://pt.wikipedia.org/wiki/Naz%C4%B1m_Hikmet



Farid Ud din Attar (1145-1221), do livro “A linguagem dos pássaros”



“A história das mariposas

Certa noite, as mariposas se reuniram, atormentadas pelo desejo de se juntarem a vela. Disseram:
“Precisamos mandar alguém a procura de informações sobre o objeto da nossa busca amorosa”.
Em vista disso, uma delas partiu. Chegou a um castelo e, dentro dele, viu a luz de uma vela. Regressou e relatou, segundo a sua compreensão, tudo o que vira. Mas, no entender da sábia mariposa que presidia a reunião, ela não percebera coisa alguma da vela.
Nessas condições, outra mariposa seguiu o caminho do castelo. Tocou a chama com a ponta das asas, mas o calor a fez recuar. Como o seu relatório não fosse mais satisfatório que o da primeira, a terceira mariposa partiu.
Esta, bêbada de amor, atirou-se à chama; estreitou-a com as patas dianteiras e uniu-se alegremente a ela. Abraçou-a toda, e seu corpo ficou vermelho como o fogo.
A mariposa sábia, que observava a cena de longe, ao ver que a chama e a mariposa pareciam uma só, disse:
“Ela aprendeu o que desejava saber; mas só ela compreende, e nada mais se pode dizer”.

Lacan, em S01-01 de 13jan1954: “Se vocês não vêm para colocar em causa toda a sua atividade, não vejo por questão aqui. Os que não sentiriam o sentido desta tarefa, por que permaneceriam ligados a nós, ao invés de se juntarem a uma forma qualquer de burocracia?”













O DESEJO ENTRETÉM OS SONHOS. A MORTE FAZ PARTE DO DESPERTAR!

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