Fatos do inconsciente
Por jlcaon@terra.com.br 120122040109
Para Nilce e Navia
Nilce, vou meter minha colher torta. Disseste: "Não são os fatos que marcam as pessoas mas o que elas fazem com os fatos que ocorrem com elas." Relendo, pensar-se-ia, com a teoria freudo-lacaniana do nachträglich (no relance), que "ocorrem" deveria estar no passado, isto é, "ocorreram", pois, segundo a teoria, os histéricos e todos nós, padecemos não dos fatos passados, mas das lembranças que temos desses fatos passados, lembranças que estão no presente tempo, no instante em que vivemos.
Como espancar essas lembranças que como formigas de formigueiro estão nele, estejam na superfície ou no fundo dele? A imagem é tosca para uma fita de Moëbius, ou contrabanda, mas serve de bússola, cuja agulha não é o Norte, mas direciona para ele.
Botar a pedra do esquecimento em cima do formigueiro e dizer: “o que vem de baixo não me atinge?” Perante esse dizer tolo e sábio, um Estafermo ou uma Pascácia, exclamariam: "Se o que vier da baixo não te atinge, então senta em cima de um formigueiro".
Penso que "ocorrem" ao invés de "ocorreram" está na categoria do bem dizer, no caso do bem escrever. Pois, as lembranças dos fatos são também fatos. Elas enquanto fatos são formações do inconsciente, material bruto, restos de que nos servimos para dirigir a pesquisa psicanalítica de nossos psicanalisantes, em situação psicanalítica de tratamento (SPT), e de nossos aprendentes em situação psicanalítica de aprendizagens (SPA).
Está aí um quarto de mil palavras.
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