Por jlcaon@terra.com.br
Um gênio lhe apareceu e lhe concedeu a graça de realizar três desejos. O primeiro desejo que quis ver efetivado seria o de trocar os próprios olhos pelos olhos da mãe. Depois, pelos do pai. E, finalmente, pelos olhos de alguém que jamais conhecera.
De fato, trocou, primeiramente, os próprios olhos pelos olhos da mãe. Mas, diferentemente do que esperava, nada aconteceu.
Trocou então os olhos dela – agora eram os olhos da mãe – pelos olhos do pai. E novamente nada aconteceu.
Mas, os olhos dela estavam no rosto da mãe; os da mãe no rosto do pai e os olhos do pai estavam no rosto dela.
Restava-lhe uma chance. Com quem trocaria ela os olhos paternos? Viu na televisão, a notícia de que uma jovem se lançara do 25º andar de um edifício de 35 andares. A televisão mostrava, amontoado no chão, o corpo dessa jovem. Todavia, os olhos estavam intactos.
Correu e chegou em tempo ao lugar onde muitos curiosos se acotovelavam para chegar perto daquele monturo de carne e ossos. Com muito esforço, conseguiu abrir espaço e chegar perto daquelas carnes. Entre puxões e empurrões, não percebera que a bolsa lhe fora afanada.
Chegou perto daquilo que uma vez fora corpo de jovem e no descuido dos guardas que seguravam a corda de isolamento, aproximou-se daqueles dois olhos pedintes. E a mágica funcionou mais uma vez: trocou os olhos paternos pelos olhos da suicida.
E agora sim algo começou a acontecer.
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