Facebook:
modo de usar.
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“Uma
grande revolução pedagógica acontece, quando a classe de aprendentes fica
disposta em círculo, onde um participante enxerga a todos e todos enxergam a um,
onde cada participante, em PÚBLICO, dirige a palavra a UM interlocutor que, por
sua vez, lhe responde, imediatamente e em público. Trata-se de exercício do diálogo vivo
e prático, como Aristóteles teoriza em Tópicos; Kant em Lógica; H.P. Grice em Lógica e conversação.”
(Cf. http://br.groups.yahoo.com/group/cesdocaon/?yguid=42882599 ou https://www.facebook.com/groups/ccs.caoncomunidadesolidaria/members/)
O
Facebook considerado extensão ou suplência da rua ou do pátio de uma escola não
promove a conversação como quando é considerado sala de aula geograficamente
estabelecida em forma de roda de chimarrão, onde um pode falar para outro na
presença de todos. Assim, é a conversação lançada em todos os azimutes. A
existência presencial própria de uma de uma sala de aula disposta em roda de
chimarrão pode continuar como existência semipresencial ou à distância no espaço
internético do facebook.
Também
como professor de sala de aula durante muitos anos, inventei diversas formas de
agremiação com o objetivo de garantir a conversão entre pares, ou na presença de
todos em um pequeno grupo, ou na presença de todos no grande grupo. Foi assim
que me ocorreu a ideia de constituir pequenos grupos democráticos (chamados de
grupos áulicos), usados nas atividades do GEEMPA, Escola PROJETO e tantas outra
iniciativas didático-pedagógicas nesse Brasil.
Experimentei
uma atividade mais recente servindo-me do chat coletivo. Ela permite a
conversação de qualquer par no grupo em existência digital semipresencial. Em
existência presencial onde a conversão serve-se da tinta da voz e não da tinta
eletrônica, o vozerio de salão de festa à brasileira impede que aquilo que a
conversação vozeada por um par possa ser ouvida por todos. Em existência semipresencial a
conversação digitalizada entre os participantes de um par pode ser lida por
todos os participantes.
Prefiro me ocupar com os bloqueios e
dificuldades de conversação revelados e denunciados, por exemplo, pela formação
de agrupamentos em roda de chimarrão, onde um fala para outro que lhe responde
na presença de todos os participantes do agrupamento. O chat e o espaço do
Facebook, etc., redimensionam a roda de chimarrão, permitindo que todos os
participantes conversem ao mesmo tempo e todos possam acompanhar a conversação
dos outros.
Dessa maneira, a utilização do chat e
do facebook e de outras tantas maravilhas que nos são oportunizadas pela
internete que, além de nos proporcionar instrumentos e meios de animar a
conversação, também revelam e denunciam a miséria das pessoas que veem revelada
e denunciada a própria precariedade, quando não incapacidade de estabelecer e
manter entabulada uma conversão.
Os escritores literatos continuam a
“conversar” com o próprio umbigo e frequentemente continuam monologando, mesmo
quando, em seus escritos, usam a forma do diálogo. O escritor epistolar que
escreve para leitor que lhe escreve, se não destrói, pelo menos sacode
violentamente a posição etérea do escritor literato que, isolado, conversa com o
próprio umbigo, dando a impressão ao leitor incauto ou desatento, que ele,
leitor, acredite que o escritor literato, ao escrever, estava a conversar com
musas e quejandas.
A conversação digital retoma aquela
existência presencial em que a conversação exigia e exige o emprego de nossa
viva voz em cima do lance, em situação de perene transitoriedade, na qual
vivemos no tempo que é sempre presente e de presente (tempo e dom) e do qual
jamais escapamos. Hoje, a existência digital semipresencial permite relançar a
conversação por meio da tinta eletrônica, onde dedos que falam para olhos que
ouvem suplementam a boca e o ouvido da existência presencial.
É o usuário que não chegou a ser
capaz de se servir das maravilhosas possibilidades das invenções atuais. Assim,
continua conversando com seus botões ou umbigo, assistindo a essas maravilhas
tipo Facebook, como antigamente meninos
acanhados viam a existência no pátio, na rua, na praça e nas antigas formações
da sala aula como sendo espaços mais para exibições do que de práticas de
conversação.
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