sábado, 12 de janeiro de 2013

Facebook: modo de usar


Facebook: modo de usar.
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“Uma grande revolução pedagógica acontece, quando a classe de aprendentes fica disposta em círculo, onde um participante enxerga a todos e todos enxergam a um, onde cada participante, em PÚBLICO, dirige a palavra a UM interlocutor que, por sua vez, lhe responde, imediatamente e em público. Trata-se de exercício do diálogo vivo e prático, como Aristóteles teoriza em Tópicos; Kant em Lógica; H.P. Grice em Lógica e conversação.” (Cf. http://br.groups.yahoo.com/group/cesdocaon/?yguid=42882599  ou https://www.facebook.com/groups/ccs.caoncomunidadesolidaria/members/)
O Facebook considerado extensão ou suplência da rua ou do pátio de uma escola não promove a conversação como quando é considerado sala de aula geograficamente estabelecida em forma de roda de chimarrão, onde um pode falar para outro na presença de todos. Assim, é a conversação lançada em todos os azimutes. A existência presencial própria de uma de uma sala de aula disposta em roda de chimarrão pode continuar como existência semipresencial ou à distância no espaço internético do facebook.
Também como professor de sala de aula durante muitos anos, inventei diversas formas de agremiação com o objetivo de garantir a conversão entre pares, ou na presença de todos em um pequeno grupo, ou na presença de todos no grande grupo. Foi assim que me ocorreu a ideia de constituir pequenos grupos democráticos (chamados de grupos áulicos), usados nas atividades do GEEMPA, Escola PROJETO e tantas outra iniciativas didático-pedagógicas nesse Brasil.
Experimentei uma atividade mais recente servindo-me do chat coletivo. Ela permite a conversação de qualquer par no grupo em existência digital semipresencial. Em existência presencial onde a conversão serve-se da tinta da voz e não da tinta eletrônica, o vozerio de salão de festa à brasileira impede que aquilo que a conversação vozeada por um par possa ser ouvida por todos.  Em existência semipresencial a conversação digitalizada entre os participantes de um par pode ser lida por todos os participantes.
Prefiro me ocupar com os bloqueios e dificuldades de conversação revelados e denunciados, por exemplo, pela formação de agrupamentos em roda de chimarrão, onde um fala para outro que lhe responde na presença de todos os participantes do agrupamento. O chat e o espaço do Facebook, etc., redimensionam a roda de chimarrão, permitindo que todos os participantes conversem ao mesmo tempo e todos possam acompanhar a conversação dos outros.  
Dessa maneira, a utilização do chat e do facebook e de outras tantas maravilhas que nos são oportunizadas pela internete que, além de nos proporcionar instrumentos e meios de animar a conversação, também revelam e denunciam a miséria das pessoas que veem revelada e denunciada a própria precariedade, quando não incapacidade de estabelecer e manter entabulada uma conversão.
Os escritores literatos continuam a “conversar” com o próprio umbigo e frequentemente continuam monologando, mesmo quando, em seus escritos, usam a forma do diálogo. O escritor epistolar que escreve para leitor que lhe escreve, se não destrói, pelo menos sacode violentamente a posição etérea do escritor literato que, isolado, conversa com o próprio umbigo, dando a impressão ao leitor incauto ou desatento, que ele, leitor, acredite que o escritor literato, ao escrever, estava a conversar com musas e quejandas.
A conversação digital retoma aquela existência presencial em que a conversação exigia e exige o emprego de nossa viva voz em cima do lance, em situação de perene transitoriedade, na qual vivemos no tempo que é sempre presente e de presente (tempo e dom) e do qual jamais escapamos. Hoje, a existência digital semipresencial permite relançar a conversação por meio da tinta eletrônica, onde dedos que falam para olhos que ouvem suplementam a boca e o ouvido da existência presencial.
É o usuário que não chegou a ser capaz de se servir das maravilhosas possibilidades das invenções atuais. Assim, continua conversando com seus botões ou umbigo, assistindo a essas maravilhas tipo Facebook, como antigamente  meninos acanhados viam a existência no pátio, na rua, na praça e nas antigas formações da sala aula como sendo espaços mais para exibições do que de práticas de conversação.

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