terça-feira, 5 de março de 2013

A verdade da atochada


A verdade da atochada

jlcaon@terra.com.br 130305100316

O verto “atochar” na sua acepção de ludibriar pressupõe engenhosidade e esperteza. Engenhosidade e esperteza são capacidades que um PENSADOR SISUDO jamais despreza.
Um PENSADOR SISUDO não tem interlocutor mais colaborador que um ATOCHADOR.  Platão não seria PENSADOR SISUDO sem o sofista, o ATOCHADOR mais genial da época dele.
Tomás de Aquino não seria PENSADOR SISUDO sem opositores, ATOCHADORES, que, inexistentes, ele mesmo os inventava.
A tradição milenar em que vivemos mantém, sustenta e alimenta o lugar do PENSADOR SISUDO ensinando a uma AUDIÊNCIA DE ATOCHADORES.
É possível inverter essa tradição: pôr na AUDIÊNCIA DOS ATOCHADORES o PENSADOR SISUDO e no PÚLPITO DO PENSADOR SISUDO a AUDIÊNCIA DOS ATOCHADORES? Lacan teria tentado essa proeza especialmente quando ele mesmo se coloca na posição de psicanalisante falando à multidão.
Haveria outra maneira de denunciar os ATOCHADORES que, quais SOFISTAS frequentadores da academia de Platão, aprendem de orelha o VERNIZ das coisas sábias que o SENSATO E SISUDO PENSADOR lhes passa, para depois venderem o VERNIZ como se fosse OURO?
De qualquer forma o ATOCHADOR que vende o VERNIZ como OURO não deixa de ser um AMIGO DA VERDADE. Mas, será AMIGO DA VERDADE aquele que vê no VERNIZ a própria VERDADE?  
Assim como o VERNIZ pode esconder OURO, assim também a fumaça pode encobrir FOGO.
Ocupar o lugar do atochador para escarmentar os atochadores é justo, lícito, louvável e sábio?
Não procedia assim Sócrates na pesquisa filosófica publica? Não procedia assim Lacan na pesquisa psicanalítica pública?

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