A verdade da atochada
jlcaon@terra.com.br 130305100316
O verto “atochar” na sua acepção de ludibriar pressupõe
engenhosidade e esperteza. Engenhosidade e esperteza são capacidades que um PENSADOR
SISUDO jamais despreza.
Um PENSADOR SISUDO não tem interlocutor mais
colaborador que um ATOCHADOR. Platão não
seria PENSADOR SISUDO sem o sofista, o ATOCHADOR mais genial da época dele.
Tomás de Aquino não seria PENSADOR SISUDO sem opositores,
ATOCHADORES, que, inexistentes, ele mesmo os inventava.
A tradição milenar em que vivemos mantém, sustenta
e alimenta o lugar do PENSADOR SISUDO ensinando a uma AUDIÊNCIA DE ATOCHADORES.
É possível inverter essa tradição: pôr na AUDIÊNCIA
DOS ATOCHADORES o PENSADOR SISUDO e no PÚLPITO DO PENSADOR SISUDO a AUDIÊNCIA
DOS ATOCHADORES? Lacan teria tentado essa proeza especialmente quando ele mesmo
se coloca na posição de psicanalisante falando à multidão.
Haveria outra maneira de denunciar os ATOCHADORES
que, quais SOFISTAS frequentadores da academia de Platão, aprendem de orelha o VERNIZ
das coisas sábias que o SENSATO E SISUDO PENSADOR lhes passa, para depois
venderem o VERNIZ como se fosse OURO?
De qualquer forma o ATOCHADOR que vende o VERNIZ
como OURO não deixa de ser um AMIGO DA VERDADE. Mas, será AMIGO DA VERDADE
aquele que vê no VERNIZ a própria VERDADE?
Assim como o VERNIZ pode esconder OURO, assim
também a fumaça pode encobrir FOGO.
Ocupar o lugar do atochador para escarmentar os
atochadores é justo, lícito, louvável e sábio?
Não procedia assim Sócrates na pesquisa filosófica
publica? Não procedia assim Lacan na pesquisa psicanalítica pública?
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